O grupo Secos & Molhados é um bom exemplo de um conjunto que partilhava da cultura e dos costumes do Brasil e também de Portugal.
O grupo foi formado no Brasil nos anos 1970 e teve na sua formação clássica João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão).
João Ricardo, apesar de radicado no Brasil, nasceu em Arcozelo (Ponte de Lima), em Portugal. João, junto com Ney (nascido no estado do Mato Grosso do Sul) e do Paulista Gérson, fizeram um enorme sucesso aliando apresentações ousadas, figurino peculiar e uma maquiagem extravagante. Maquiagem esta, que muitos, acham, foi copiada pela banda americana Kiss.
As músicas eram de altíssima qualidade. Eles ousaram em misturar danças e canções do folclore português com um rock, muitas vezes pesado. E as letras... Bem, estas eram um capítulo a parte. João começou a musicar os poemas do pai, o poeta e jornalista português, João Apolinário. Mas, no caldeirão de influências literárias estão Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Julio Cortázar e Oswald de Andrade.
O álbum de estreia, lançado em agosto de 1973, chamava-se simplesmente Secos & Molhados e vendeu mais de 1 milhão de cópias pelo país
A capa do primeiro disco ficou famosa. O fotógrafo Antônio Carlos Rodrigues produziu uma mesa de jantar, mas dentro das bandejas, estão servidas as cabeças dos integrantes do grupo.
Os maiores sucessos do disco de estreia foram o Vira, com grande influência da música portuguesa, com instrumentos como o acordeão, Sangue Latino e Rosa de Hiroshima, um poema de Vinícius de Moraes, musicado por Gerson Conrad.
Em 1974 lançam Secos e Molhados II. O disco teve certa repercussão, mas não repetiu o sucesso do primeiro trabalho. O maior sucesso foi Flores Astrais (João Ricardo/João Apolinário). Neste disco também está Não: Não Digas Nada, poema de Fernando Pessoa, musicado por João Ricardo.
Este foi o último disco a contar com a formação original (João Ricardo, Gérson Conrad e Ney Matogrosso). A partir daí Gérson e Ney passaram a se dedicar à suas respectivas carreiras solo. Ney Matogrosso, inclusive, com bastante êxito comercial e de crítica.
João Ricardo, detentor do nome Secos & Molhados, após um hiato, lançou vários trabalhos do grupo, com diversas formações diferentes. Porém, sem alcançar o mesmo sucesso... O último trabalho data de 2011 (Chato-Boy - lançado apenas virtualmente no site da banda).